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…e o Seu Madruga pagou o aluguel

5 de julho de 2012 Deixe um comentário

Ontem, 04 de julho de 2012, deu-se a partida de futebol mais importante desde que a bola foi inventada.

Contra tudo e contra todos, o Sport Club Corinthians Paulista entrou no campo do Pacaembu ciente do peso que carregava nos ombros. A primeira final de Libertadores, contra o adversário mais temido pelos brasileiros. Um jogo acompanhado não apenas pelo bando de mais de 30 milhões de loucos, mas pelo universo inteiro, em êxtase, atenções monopolizadas aguardando o apito final e a consagração.

Ou a tragédia.

Sim, houve aqueles que torceram contra o povo. Torceram contra o trabalho, a seriedade, o controle. Contra a redenção. Mas, da mesma forma que o povo hebreu atravessou a pés enxutos o Mar Vermelho, o Corinthians não foi realmente ameaçado nesta final. Aliás, em toda a Libertadores, foram poucos os momentos de tensão. Resumem-se aos oito segundos, entre o lançamento errado de Alessandro, a arrancada de Diego Souza e o milagre de Cássio, no segundo jogo contra o Vasco. Paulinho tratou de enterrar qualquer dúvida minutos depois.

Claro, o time também levou um gol na Bombonera, mas o choque foi substituído pelo brilho de Romarinho que, naquele que deve ter sido seu único toque na bola em toda a Libertadores, tratou de acabar com a marra e a empáfia do Boca Juniors. Um gol de craque, com frieza, com técnica. Da mesma forma que Emerson, no Pacaembu lotado, aproveitou as oportunidades que não demos ao Boca. Dois a zero, indiscutível, inquestionável. Corinthians campeão da Libertadores.

Engraçado que meu pé-de-coelho, minha filha Helena, já viu o Corinthians ganhar um Brasileiro e uma Libertadores – mesmo sem entender muito bem o que está acontecendo. Tomara que continue dando sorte ao Timão. A baixinha dormiu cedo, não viu o jogo, mas peguei ela no colo depois da partida, dormindo com um enorme sorriso. Se eu disser com o que ela devia estar sonhando, vão dizer que sou pretensioso… Mas é bom torcer sabendo que ela está ali perto pra eu poder abraçar depois da partida!

Lembrei de (dolorosas) eliminações anteriores, quando meu amigo André Faccas e eu fanficamos como seria uma conquista do Timão. Não vou entrar em detalhes, mas basta dizer que não acertamos, nem de longe. Eliminar o vice-campeão brasileiro e campeão da Copa do Brasil, o então campeão da Libertadores e auto-proclamado “melhor time do Brasil” pra terminar a campanha derrotando o bicho-papão argentino não estava nos planos, nos sonhos ou nos fanfics. Parecia muito distante, depois de derrotas tão amargas, finalmente poder dizer que acabou a zica. Eu já vi o Corinthians ser campeão paulista, brasileiro, do Brasil, do Rio-São Paulo, mundial, de torneios que nem me lembro mais do que eram… Mas agora, acabou. Não foi o Corinthians que entrou para o “seleto grupo de campeões da Libertadores”.

É a Libertadores da América que, finalmente, foi aceita na sala de troféus do Corinthians.

Claro, ouvi muitos secadores e antis debochando do Corinthians, como se não ter sido campeão da Libertadores nos tornasse menores. Ao contrário! Como poderiam entender que precisavamos lapidar não só o elenco, mas também a torcida, para essa conquista?

Acabaram as piadas? Acabaram os chistes?

Uma que sempre ouvi em começo de Libertadores era que o Corinthians, no torneio, era igual assistir Chaves. Todo mundo já viu um monte de vezes, já sabe como termina e, mesmo assim, assiste de novo pra dar risada.

Acho que, dessa vez, o seu Madruga pagou o aluguel, então.

O final dessa história foi escrito de maneira incontestável. Um ponto final ao menosprezo dos adversários, o final feliz, não de um time com uma torcida fanática, mas de uma torcida que foi representada em campo por um time de heróis.

Em breve, teremos nosso estádio, nunca tão charmoso quanto o Pacaembu, mas muito mais moderno. Lá, voltaremos a conquistar esses títulos. É jogando em Itaquera que será ainda mais gostoso vencer o Palmeiras e conquistar outra Libertadores. Mas essa é outra história, para outra oportunidade.

A história de nossa busca pelo título da América acabou ontem, 04 de julho de 2012, e teve final feliz.

Alguém poderia imaginar de outra forma?

Acho que o Sargento Garcia também prendeu o Zorro. A vaca tussiu. Rubens Barrichello passou o Schumacher. O Coiote pegou o Papa-Léguas. Lex Luthor derrotou o Superman. Galinha tem dente. O inferno congelou. O Chinese Democracy saiu. O Brasil não está nem entre os dez melhores do ranking da Fifa. Maluf foi condenado. O Saci subiu a ladeira de skate. A Praça é Nossa ficou engraçada. O Chelsea foi campeão europeu. O Dick Vigarista ganhou a Corrida Maluca. E pegou o pombo. O Galo é bicampeão brasileiro.

Mas espera aí… Algumas dessas coisas realmente aconteceram!

Então, talvez o bando de loucos não esteja tão louco assim, afinal.

Obrigado a minha esposa Larissa, que agüentou meu ataque de nervos nos últimos, sei lá, dez dias! Obrigado a minha filha Helena, que me dá ânimo pra superar as adversidades com seu sorriso! Obrigado a todos que acompanham o blog, garanto que as atualizações voltarão a ser mais freqüentes.

E obrigado, Corinthians, por tantas alegrias! E depois dizem que a gente gosta de sofrer…

Deu nóis!

Raul, Maloqueiro, Sofredor e Campeão da América, Graças a D-us

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O Dia em que a Terra Parou

4 de julho de 2012 Deixe um comentário

Peço desculpas aos leitores que acompanharam o blog ao longo do ano passado e têm voltado aqui para conferir as atualizações. A verdade é que nossas vidas estão uma correria, eu, minha esposa (e a bebê) não temos mais o mesmo tempo e disposição de antes para escrever.

Isso não significa que a gente vá parar com o blog ou que não gostemos mais de futebol, pelo contrário!

Eu mesmo estava pensando em voltar a escrever nas férias, comentando o vai-e-vem do mercado e os resultados dos campeonatos no primeiro semestre. Da última vez que atualizei o blog, André Vilas Boas estava no Chelsea, que nunca tinha sido campeão europeu; Harry Redknapp, no Tottenham, era cotado para a seleção inglesa; José Mourinho e o Real Madrid perdiam pontos preciosos no campeonato espanhol e viam o Barcelona, do técnico Guardiola, se aproximando na tabela; Milan e Juventus se alternavam na liderança do campeonato italiano; O Manchester City era um time sem lembrança de seus poucos e distantes títulos; o Paris Saint-Germain via um investimento milionário ser ameaçado pelo modesto Montpellier; o Flamengo ainda acreditava em Ronaldinho Gaúcho e sonhava com Vágner Love; o Atlético Mineiro tentava esquecer (inutilmente, é bom que se diga) a humilhação na última rodada do Brasileiro frente ao Cruzeiro, marchando a largos passos rumo ao título estadual; O São Paulo ainda sonhava com a Copa do Brasil; o Santos sonhava com o bi da Libertadores; o Palmeiras sonhava com qualquer título que viesse…

E o Corinthians…

O Corinthians ainda não tinha vencido o Palmeiras de virada, duas vezes. Não tinha derrotado o Santos de Neymar na Vila Belmiro e nunca tinha chegado a uma final de Libertadores.

Mas ver o Jornal Nacional fazendo matéria sobre a final a dois dias da decisão, ver todos os principais órgãos de imprensa dando a este jogo uma importância de final de Copa do Mundo, ouvir gritos de “vai, Corinthians!” diariamente, ver pichações exaltando a importância deste feito na história centenária do clube, ver diversos programas esportivos dedicando boa parte de suas programações ao Timão… Hoje mesmo, o Bom Dia São Paulo, Bom Dia Brasil, programa da Ana Maria Braga, Bem Estar e Fátima Bernardes estão totalmente voltados para a final! Empresas pagam anúncios desejando boa sorte, meios de comunicação manifestam apoio e a comoção em torno desse jogo aumenta exponencialmente a cada minuto!

Não é um jogo como os outros. Pra ninguém. Nem pro Corinthians, nem pros rivais, nem pro Boca Juniors. Este é um time que sabe que pode ganhar a qualquer momento, mas nem por isso entra em campo acomodado – trinta anos depois da Tragédia do Sarriá. É um time que precisou superar muita desconfiança pra chegar onde chegou, vencer adversários dentro e fora do campo, mostrar força e cabeça pra merecer tudo isso – dez anos depois da conquista do penta pela seleção.

Quem não é corinthiano podia dar o braço a torcer e admitir… Esse não é um jogo como os outros. Nunca uma final de Libertadores mobilizou a atenção de tanta gente. Audiência na TV com números comparáveis somente a uma final de Copa do Mundo. Um bando de 30 milhões de loucos sendo representados em campo por jogadores discretos, competentes, sérios, sem excessos. Estrela, só se for a de Romarinho, que entrou no final do primeiro jogo pra mudar o destino da Libertadores. Só se for a de Tite, que parece fazer sempre a alteração certa no time (como fez ano passado, durante o Brasileiro, com Adriano e Luis Ramirez). Um time que vem sendo forjado e lapidado para este momento desde a indigesta eliminação para o Tolima, em 2011. Jogadores que aprenderam a colocar os pés no chão e controlar o ritmo das partidas, o espírito, a intensidade do adversário, mesmo quando não tem a posse de bola. O Corinthians é atacado até onde permite, e seu contra-golpe costuma ser fatal. Vantagens mínimas garantiram a classificação, mas o Timão não foi realmente ameaçado, jamais perdeu as rédeas da situação. O Corinthians de Cássio, que deu outra moral para a defesa, de Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos, absolutos na defesa, do gigante Ralf e do monstro Paulinho, do genial Danilo que, quando não é decisivo, ajuda os outros a serem. O Corinthians da precisão de Alex, da malícia de Emerson, da vontade de Jorge Henrique, Liédson e Willian. O Corinthians de Romarinho, nosso fio de esperança no momento mais terrível do campeonato. O Corinthians de Tite que, expulso de campo, acompanhou o jogo junto da Fiel.

Quantas histórias nessa campanha, quantos heróis, quantas pequenas vitórias aguardando a coroação.

Quando a bola começar a rolar no mais corinthiano dos estádios, não é só a Fiel que vai torcer. Não é só o Brasil que vai parar.

Podem escrever: o dia 4 de julho de 2012 será lembrado como o dia em que a Terra parou.

Parou pra ver o Corinthians.

E aquele instante infinito em que a bola sai dos pés do atacante para estufar as redes durará um século de história. Nunca tantos prenderão o fôlego por tanto tempo, nunca antes o grito de gol pode ser ouvido até no espaço. São Jorge estará lá, na área técnica, junto de Deus, de anjos e demônios, gritando e pedindo raça. Não se fará outra coisa, não se falará em outra coisa. Nenhum coração baterá num ritmo que não seja o das arquibancadas. Nenhum coração ouvirá impassível o apito final.

Podem falar que humildade não é nosso forte – nisso, todas as torcidas são iguais. Podem falar que somos chatos quanto ganhamos – nisso, todas as torcidas também são iguais. Podem falar que não temos Libertadores, que não temos estádio, que não temos grandes jogadores, que nossos ídolos são Tupãzinho, Basílio e Wladimir, que não temos tantas conquistas, que não temos tantas vitórias.

Nós temos histórias. Milhares delas.

“Estive lá quando precisaram de mim”. “Sempre acreditei”. “Perdemos, mas não parei de gritar”. “Fui em todos os jogos”. “Viajei pra outros estados”. “Foi rebaixado e continuei cantando”. “Vi todos os títulos da era Marcelinho“. “Peguei a camisa do Neto“. “Imitei as embaixadinhas do Edílson“.

“Nem pisquei naquele dia 4 de julho”.

Até mesmo os detratores têm suas histórias sobre o Corinthians. Aquela torcida que não tem time, não tem nome, não tem bandeira, exceto torcer contra o Coringão. É a única coisa que têm em comum. Mas, mesmo nos nossos piores momentos, não são maiores que nós. Nenhuma time tem essa torcida, que merece ser chamada de FIEL. Mas essa torcida tem um time que encarna esse espírito.

E isso não cabe em nenhuma sala de troféus.

Mesmo assim, esperamos pela Libertadores. Depois disso, a Terra pode voltar a girar. É nosso final feliz pra mais uma história.

É a vida que segue.

E assim por diante.

VAI, CORINTHIANS!

São Jorge estará no Pacaembu, mas a Lua está pronta para a festa!

Raul, hoje mais do que nunca CORINTHIANO, MALOQUEIRO E SOFREDOR, GRAÇAS A D-US!

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Perspectiva 2012

5 de fevereiro de 2012 1 comentário

Os estaduais já começaram, as contratações continuam agitando os clubes, a Seleção Brasileira marcou mais amistosos, a Copa São Paulo mais empolgante de todos os tempos teve uma final sensacional entre Corinthians e Fluminense e… o blog ficou um tempinho parado. Perdi bastante coisa, por conta do trabalho ou da mudança (vou sair da Dubai da Zona Leste este mês), mas não deixei de acompanhar futebol. Como minha memória não é das melhores, abdiquei de escrever uma retrospectiva de 2011 e resolvi focar em algumas coisas que devem acontecer durante os próximos 11 meses.

No futebol paulista, o Palmeiras parece fadado a continuar atrás dos rivais. Com Scollari, Galeano e César Sampaio mais fortes à frente do futebol (e o enfraquecimento do vice de futebol Roberto Frizzo), o torcedor pode, pelo menos, esperar menos vexames. A aposentadoria de São Marcos parece ter unido os palmeirenses, que querem voltar a comemorar títulos e estão apoiando Felipão. Valdívia tem demonstrado comprometimento e as contratações, ainda que minguadas, estão chegando. É pouco para brigar por títulos, mas talvez seja o suficiente pra não ser mais motivo de piada.

O São Paulo contratou surpreendentemente bem e bastante – o presidente Juvenal Juvêncio está abrindo os cofres para fortalecer a equipe, dispensou jogadores e não quer mais saber daquela equipe apática de 2011. A contusão de Rogério Ceni foi um duro golpe para o torcedor são-paulino, mas resta saber se as contratações vão vingar. Cortez e Jadson são incógnitas: o primeiro, teve apenas um primeiro semestre muito bom e atuações animadoras pela Seleção. O segundo está longe de ser um craque. Mas prometem dar uma nova cara ao time, principalmente se Nilmar realmente chegar ao Morumbi.

O Santos fez o mais importante: manteve o melhor jogador do mundo na atualiadade em seu elenco. Neymar sabe, porém, que só será reconhecido como tal jogando na Europa. Será que ele aguenta esperar até 2014 pra fazer as malas? Já Paulo Henrique Ganso, quando não está envolvido em alguma polêmica com a diretoria, está no departamento médico. Me parece que seria melhor pra todo mundo se ele fosse para a Europa, assim não ficaria insatisfeito no clube que o revelou. O Peixe, mais uma vez, é favorito nos títulos que disputar.

O Corinthians também manteve o elenco campeão brasileiro, fez algumas contratações pontuais questionáveis (o goleiro Cássio, o chinês de nome engraçado e o atacante Gilsinho, que estava no Japão), outras muito boas (o zagueiro Felipe, o atacante Elton e o meia Vitor Junior) e o meia Douglas, que continua querido por boa parte da torcida. O atual time do Corinthians é muito estável, o que dá vantagem em uma competição de pontos corridos, mas não sei se é capaz de se comportar bem no mata-mata da Libertadores, considerando a má fase do lateral-direito Alessandro, não ter reservas à altura para Ralf e Paulinho, além de só poder contar com Adriano em dia de churrasco. O jeito é continuar ganhando os jogos de 1 a zero ou 2 a 1, se possível de virada. Até na final da Copinha foi assim.

O Imperador, contudo, pode estar com os dias contados no Parque São Jorge. Até Andrés Sanches já admitiu que sua contratação foi um erro. Até a chegada de Douglas foi motivo para a torcida se mobilizar e pedir que a camisa 10 fique com o meia, e não com o atacante. Sem ser relacionado para os primeiros jogos do Paulista, Adriano pode ficar até de fora da lista de inscritos para a Libertadores. Claramente, ele está com a cabeça em outro lugar – que todos sabem qual é.

A chegada de Vágner Love ao Flamengo é um exemplo claro de como a atual administração do rubro-negro é péssima: presidente de clube fazendo dancinha, salários atrasados, Ronaldinho só treina quando quer, técnico contratado antes de demitir o dono do cargo, elenco entrando em campo sabendo que o técnico seria demitido… Perderam Thiago Neves para o rival Fluminense, contrataram Love por 10 milhões de euros e não têm dinheiro para pagar os salários. Até quando acham que vai durar? A demissão de Vanderlei Luxemburgo, depois de a presidente ter negado, acusado a imprensa de querer derrubá-la e acusado o presidente do Fluminense de “falta de ética” na negociação com Thiago Neves, escancarou os podres da administração Patricia Amorim, uma das piores da história do Flamengo. E olha que a concorrência é brava na Gávea!

Por falar em má administração, parece que Zezé Perrela saiu do Cruzeiro mas levou o cofre junto. Salário atrasado, no Cruzeiro, é algo que nunca pensei em ouvir, pois o clube sempre foi tido como modelo de organização. Se começar a perder terreno para o rival Atlético fora de campo, é questão de tempo para que seja superado dentro de campo também. O atual presidente, Gilvan de Pinho Tavares, parece disposto a fazer um trabalho sério, mas vai ficar difícil se depender de varrer a sujeira do Perrela pra debaixo do tapete. O interesse do Corinthians em Montillo, por exemplo, não morreu. Fábio, goleiro e capitão da equipe mineira, já declarou que seria melhor para o craque ir para o Timão, considerando o salário milionário que foi oferecido. Roger, meia, fez mais do que isso: deixou vazar a informação de que os salários estão atrasados na Raposa. Se conseguirem convencer o presidente, deixarão o Timão muito forte. Caso contrário, passam o abacaxi para o presidente cruzeirense: pagar os atrasados do elenco e dar um aumento que satisfaça o craque argentino, sem incomodar o restante do elenco. Danilo pode ser envolvido na negociação, que deve ficar só para depois das eleições para presidente no Timão.

A sorte do Cruzeiro é ter como maior rival um time que vive uma fase tão ruim que é capaz dos problemas da Raposa ficarem esquecidos após a primeira goleada em cima do Atlético. É praticamente o Real x Barça de Minas, guardadas as devidas proporções.

Por falar nos espanhóis, parece que Mourinho vai continuar tendo problemas para enfrentar o atual time da moda. O Real muda, mexe, treina, tenta, corre, marca… e não ganha. A fase atual do time catalão nem é tão boa assim, mas ganhar dos merengues é obrigação. Após a eliminação na Copa do Rei, Mourinho joga tudo na Liga dos Campeões e no Campeonato Espanhol – torneios em que ele parece ter reabilitado o Real, apesar da dificuldade psicológica em superar os blaugraná.

Na Inglaterra, os rivais de Manchester estão se engalfinhando pelo título, com o Tottenham correndo por fora. Resta saber quem mais conseguirá vaga na Liga dos Campeões: Chelsea, Arsenal ou Liverpool. Tudo leva a crer que o City vai sair da longa fila de mais de 40 anos (ou seriam 50?) sem título. Bom para Manchester, bom para o futebol inglês e bom para Roberto Mancini, eleito técnico mais elegante do mundo aqui no blog. O prêmio de jogador mais elegante foi para Lionel Messi, pelo belo terno usado na entrega do prêmio da FIFA (que não é tão criterioso quanto este blog).

E fico aqui na expectativa de grandes jogos, belos gols, contratações de impacto e, quem sabe, medalha de ouro para a Seleção Brasileira na Olimpíada de Londres. Pode ser a chance derradeira de Mano Menezes à frente do Brasil, mas parece que nem ele acredita mais em seu projeto para 2014. Ainda há tempo de mudar, mas a grande questão agora é quem poderia ser o novo treinador. Quem sabe se o Mourinho sair do Real ele não topa?

Mourinho: amargurado

Raul, Maloqueiro e Sofredor, Graças a D-us

O Goleiro

9 de janeiro de 2012 Deixe um comentário

Confesso que me emocionei com a aposentadoria de Ronaldo.

Vi o Fenômeno nas copas de 94 (como mero coadjuvante de Romário, Bebeto e até do Viola), 98, 2002 e 2006. Marcou o mais belo gol da história do futebol (o primeiro com a camisa do Timão, contra o Palmeiras, que foi capaz até de derrubar um dos alambrados do estádio em Presidente Prudente), caiu muitas vezes, mas sempre se levantou, levantando com ele milhões de brasileiros de todos os clubes.

Me emocionei de maneira parecida com a aposentadoria do goleiro Marcos.

O São Marcos, de simplicidade ímpar, sempre foi uma figura agradável e divertida em meio ao monte de mascarados do futebol. O melhor goleiro que já vi jogar, alçado mais que justamente à condição de titular por Felipão na Seleção Brasileira de 2002, idolatrado pela torcida, respeitado pelos rivais. Amou o Palmeiras a ponto de recusar proposta milionária do Arsenal, a ponto de não abandonar o barco que naufragou para a Série B, a ponto de dar a cara a tapa mesmo nas derrotas mais humilhantes e, como poucos, saber vencer sem, para isso, tripudiar do adversário.

Não é pouco.

Em minha coleção de camisas, eu tenho peças do São Caetano, Ponte Preta, Grêmio, Inter-RS, Vitória-BA, Ceará, ABC de Natal, ASA de Arapiraca, Boa Esporte, Sport Recife, Flamengo, Cruzeiro, Figueirense, Atlético-PR e de alguns clubes europeus. Mas sou um corinthiano que admite: falta uma do Marcos (que eu jamais usaria, é bom frisar!), mas poucas pessoas no futebol eu admirei tanto quanto ele. Para poucos “profissionais” eu pediria um autógrafo, mesmo do Corinthians.

Mas uma camisa autografada por ele seria uma lembrança para mostrar para minha filha e dizer: “Era o melhor goleiro do mundo. Ainda bem que parou, ou ia ser muito difícil continuar fazendo gols no Palmeiras”. E olha que não foram poucas as vezes que ele “ferrou” meu Corinthians.

A única coisa que me chateia é ler alguma nota a respeito de sua aposentadoria e ver lá coisas como “o agora ex-goleiro”. Ele pode ser ex-atleta profissional, ex-jogador do Palmeiras, mas ex-goleiro ele não é.

Ele é O Goleiro, por Excelência.

O futebol fica um pouco mais pobre sem você, Marcão! Seja feliz!

Raul, Maloqueiro e Sofredor, Graças a D-us

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Rock the Soccer

27 de dezembro de 2011 Deixe um comentário

Com o fim do Campeonato Brasileiro, as notícias sobre futebol mudam completamente de foco, passando por contratações até escândalos (*cof*cof*Adriano*cof*). Eu não gosto de falar sobre os escândalos, afinal os jornais estão cheios deles em qualquer época do ano e não é realmente minha prioridade para o blog. Sobre as contratações, prefiro esperar o fim da janela para comentar de forma mais ampla sobre quem realmente chegou ou saiu, do que ficar especulando o que pode ou não acontecer.

Assim, resolvi aproveitar pra falar sobre a relação entre futebol e uma de minhas paixões.

(Não, não é sobre revistas em quadrinhos. Volto a esse assunto quando a Marvel lançar um gibi do Ibrahimovic.)

Sou fã de rock and roll desde… Bom, desde sempre, eu acho. Lembro de, ainda criança, ficar impressionado com as cenas dos shows do Kiss e do Alice Cooper. Claro que, com quatro ou cinco anos de idade, o que marca é o visual, muito mais do que a música. Meu pai é um grande fã dos Beatles, The Ventures, Creedence, Rolling Stones, Elvis. Sempre tive a música deles por perto. Mas foi só no final de 1990, quando a Globo começou a divulgar o segundo Rock in Rio, que eu fui fisgado. Um amigo da minha irmã apareceu em casa pra gravar um disco de uma banda chamada Guns n’ Roses. A capa era uma ilustração magnífica, HQ total, com um robô que, aparentemente, tinha violentado uma ambulante prestes a ser atacado por um monstro com facas no lugar dos dentes. A foto da banda, no verso, mostrava cinco caras obviamente pra lá de bêbados.

A música foi um capítulo à parte. Aos primeiros acordes de Welcome to the Jungle, a faixa de abertura, identifiquei o tema do Rock in Rio que a Rede Globo usava. “Se a música deles é o tema do festival, então devem ser a atração principal”, pensei. Se tornaram minha banda preferida, não só pela música, mas também pelas controversas atitudes de seus membros.

Naquele ano, assisti pela TV não só os excelentes shows do Guns, carregados de adrenalina, como também o Judas Priest, com suas roupas de couro, a fúria thrash metal do Megadeth no seu auge, o heavy metal mais tradicional do Queensryche e a mistura bem equilibrada (musicalmente falando) do Faith no More. Mais tarde, conheci Black Sabbath, Iron Maiden, King Diamond, além de descobrir a música de Kiss e Alice Cooper, e não apenas o visual.

É bem clichê quando tentamos relacionar música e futebol no Brasil pensarmos em pagode, ou sertanejo. Muitos jogadores ajudam a empresariar, ou até mesmo participam de grupos musicais. O capetinha Edílson é empresário de um grupo, Amaral chegou a tocar cavaquinho em outro e Marcelinho Carioca participou da criação de um grupo de pagode de uma igreja protestante da qual era membro.

E o rock and roll? Bom, há alguns exemplos bastante interessantes. O goleiro tricolor Rogério Ceni, por exemplo, entrou em campo para sua milésima partida com a camisa do São Paulo ao som de Hell’s Bells, do AC/DC. O goleiro Zetti, com passagens por Santos, São Paulo e Seleção Brasileira, chegou a participar de uma matéria na TV com os músicos do Iron Maiden. “Costumava ouvir sempre antes dos jogos. Eu escutava do espaço da preleção até o momento de colocar a luva, no aquecimento, sempre estava com fone de ouvido. Era walkman, não tinha mp3 ou Ipod. Eu era uma exceção, com certeza. Poucos gostavam. Escutava mais sozinho”, declarou o hoje treinador. Ronaldo Giovanelli, ex-goleiro do Corinthians e comentarista, chegou a cantar em sua banda, “Ronaldo e os Impedidos”, numa linha mais Elvis Presley. Tiago, goleiro do Bahia, também curte música pesada: em seu iPod, sempre rola Metallica ou Aerosmith.

Deola, do Palmeiras, também não abre mão de ouvir Pearl Jam ou Ozzy. Quase sempre sozinho. “Ah, a gente tem que se acostumar. Já foi mais difícil, antes os caras faziam aquelas rodinhas de pagode e tal. Mas a gente tem que respeitar, e eu fico no meu cantinho ouvindo o meu rock”.

Sócrates, Casagrande e Wladimir eram figurinha carimbada nos shows de Rita Lee na época da Democracia Corinthiana. Uma reportagem antiga do Globo Esporte mostra Casagrande falando quais shows veria no Rock in Rio de 1985: “Ozzy, Iron Maiden, AC/DC, Queen, Whitesnake, Scorpions… Só som pesado, meu!”

O caso mais curioso, contudo, é o de Paul Di’Anno. O cantor, que ficou famoso por ter participado da formação que gravou os dois primeiros álbums do Iron Maiden, no começo dos anos 80, é corinthiano fanático. “Sou corinthiano e estou muito contente. Gosto do time porque a torcida lembra minhas origens. Existe um clube semelhante na região em que eu cresci na Inglaterra. O Corinthians tem muito a ver com o lugar”, afirmou Di’Anno. Sua relação com o Brasil é muito estreita. Ele já fez shows por quase todo o território nacional e foi casado com uma brasileira, com quem tem um filho. Mas não pense que ele é um “torcedor de ocasião”! O vocalista torce para o Timão já desde meados de 1995 e sempre exibe, com orgulho, sua carteirinha da Gaviões da Fiel. “Corinthians, campeão! Nós merecemos! Nós somos os maiores e melhores do Brasil! No entanto, este titulo foi comemorado com a tristeza da morte do nosso ídolo Sócrates. Ele foi o sangue e a raça da nossa equipe. Ele era Corinthians! Descanse em paz, maestro do Timão”, declarou ele, logo após o título. Seus shows são cheios de provocações aos rivais e gritos de torcida. Mais Zona Leste, impossível!

Quem sabe, na inaguração do estádio em Itaquera, os fãs de rock and roll não são presenteados com uma festa de abertura capitaneada pelo Van Halen, por exemplo, ou o próprio Di’Anno? Sonhar não custa nada!

Paul Di'Anno: corinthiano de ferro!

Raul, Maloqueiro e Sofredor, Graças a D-us

Categorias:Corinthians, Torcida

Presente

13 de dezembro de 2011 Deixe um comentário

…e ontem, meu aniversário, ganhei da minha esposa:

Mas tou achando que sou quem menos vai usar…

Obrigado, amor!

Raul, Maloqueiro e Sofredor, Graças a D-us

Categorias:Torcida

Ibracadabra!

13 de dezembro de 2011 4 comentários

Domingo, dia de almoço e futebol em família. A Sportv transmitiu Bologna X Milan, belo jogo pela 15ª rodada do Campeonato Italiano (terminou empatado em 2 a 2). Logo aos 3min do primeiro tempo, o craque sueco Zlatan Ibrahimović mandou uma cobrança de falta na trave bolognesa. O narrador e o comentarista, então, lembraram as declarações de Ibra no começo da semana. Em entrevista a uma emissora francesa, o craque disse não se importar com o fato de não ter sido indicado para o prêmio “Bola de Ouro” da FIFA.

“Na minha cabeça, eu sou o melhor de todos. Eu não preciso da Bola de Ouro para provar que sou o número um”.

O narrador e o comentarista não perdoaram. Disseram que “só na cabeça dele” Ibra poderia ser o melhor do mundo. “Não é mau jogador, mas…”

Dizer que Ibrahimović “não é mau jogador” é o mesmo que dizer “o Guardiola até que não é ruim”. Minha esposa, notando minha revolta, logo emendou: “Mas você é o maior defensor do Ibrahimović que eu conheço!”

Olha… Sou mesmo.

Filho de humildes pai bósnio muçulmano e mãe croata católica, também tem sangue cigano. Fã da Seleção Brasileira, forrava as paredes de seu quarto com pôsteres de Ronaldo Fenômeno, tendo a oportunidade não só de enfrentá-lo quando estava na Inter de Milão (Ronaldo jogava pelo Milan) como de se tornar seu amigo. Os dois moraram no mesmo prédio em Milão.

Poderia ter defendido as seleções da Croácia ou da Bósnia, mas o jovem Ibra escolheu, aos 20 anos, defender a Suécia. Apesar de ser um dos grandes nomes do futebol sueco de todos os tempos, não é uma unanimidade por lá: como é, infelizmente, muito comum na Europa, partidários de extrema-direita de seu país não o vêem como sueco. Seu ego e as regalias que recebe na seleção também não ajudam muito: um forte costume local, o Jantelagen, ensina justamente a humildade, não colocando-se acima dos outros. Mesmo assim, é um grande ídolo entre os jovens de seu país e dos clubes por onde passou. E que clubes!

O primeiro foi o Malmö, um dos maiores da Suécia, que ajudou a tirar da segunda divisão. Em seguida foi para o Ajax, da Holanda, como o mais caro jogador sueco da história. Foi então para a Juventus de Turim, após marcar um gol de calcanhar contra a Itália na Eurocopa, onde obteve grande destaque. La Vecchia Signora, porém, se viu envolta num escândalo de manipulação de resultados e perdeu os títulos das temporadas 2004/2005 e 2005/2006 que conquistara com Ibra. Dali partiu para o grande rival, a Internazionale de Milão, o que despertou a ira dos torcedores bianconeri.

Transferiu-se para o Barcelona, que já se tornava uma potência européia. Porém, o talentoso sueco não podia aceitar que a estrela do time fosse um argentino baixinho. Afinal, era uma honra para o Barcelona contar com tão incrível jogador… Insatisfeito com o técnico, com o ambiente, enfim, com tudo, transferiu-se, desta vez, para o grande rival da Internazionale, o Milan.

Exímio na distribuição de jogadas, finaliza muito bem, é rápido e criativo. Coleciona gols, títulos e polêmicas, como sua autobiografia (sugestão de presente pra mim!), onde acusa o técnico do Barcelona, Pep Guardiola, de ter medo de José Mourinho. Em seus primeiros dias de Milan, acertou um chute em seu colega Christian Wilhelmsson e também na cabeça do atacante Cassano – no meio de uma entrevista. Ibra é faixa preta de tae kwon do.

Foi campeão por todos os clubes que passou, artilheiro inúmeras vezes e não se cansa de ter grandes atuações. Pra mim, só é comparável a Ronaldo, Romário e Batistuta.

Infelizmente, nasceu na Suécia. A exemplo de Cristiano Ronaldo, Stoichkov, Puskas e tantos outros grandes, não tem chance nenhuma de vencer uma Copa do Mundo por ser, digamos, “geograficamente incorreto”. Mas seu talento, seus gols (e sua marra) vão ficar para a posteridade. O negócio é torcer pra daqui uns anos o Corinthians resolver contratá-lo para encerrar a carreira aqui. Podem ter certeza que vou estar na primeira fila pra ver o cara!

Em tempo: “zlatan” significa “brilho”.

"Achava o Barcelona pequeno, então saí."

Raul, Maloqueiro e Sofredor, Graças a D-us

Categorias:Calcio, Mídia Esportiva

A “Sensação” do Campeonato

7 de dezembro de 2011 Deixe um comentário

Uma das coisas que mais gosto ao longo de um campeonato é ficar esperando pra ver quanto tempo vai durar o “time-sensação”. Claro que o feitiço pode se virar contra o feiticeiro – o Corinthians foi o centro das atenções pelo início arrasador. O time parecia imbatível, se impunha contra os adversários dentro ou fora de casa e era incensado pela mídia como franco favorito ao título. O status era merecido mas, depois da primeira derrota, o time passou por maus bocados, mantendo a liderança a muito custo e garantindo a taça apenas no último jogo. De equipe “coesa, solidária e aguerrida”, passou a fazer exibições péssimas, ou só jogar bem um dos tempos. Felizmente, foi o suficiente pra ser campeão pois somou pontos contra todos os times (falei sobre isso neste post).

No começo do campeonato, outro time-sensação era o São Paulo. Na expectativa pela volta de Luis Fabiano aos gramados, o tricolor depositava suas esperanças no elenco jovem e extremamente promissor. Após a eliminação vexatória para o Avaí na Copa do Brasil e a humilhante goleada imposta pelo Corinthians no primeiro turno, parece que o Tricolor não se encontrou mais. Mudança de técnicos, jogos ruins, problemas no elenco, falta de determinação dos jogadores… Muita coisa em cima do time, que vai ficar de fora da Libertadores mais uma vez.

O Flamengo também teve seus momentos, pois ganhou o Campeonato Carioca de maneira invicta (11 vitórias e 4 empates), ia bem na Copa do Brasil até perder para o Ceará e também começou o brasileirão muito bem, mantendo-se por várias rodadas na disputa pelas primeiras posições. Atravessou um jejum de dez jogos sem vitória, além da má-fase de Ronaldinho Gaúcho, o que ajudou a frear o “bonde do Mengão”. Mais empatou do que ganhou, mesmo assim garantiu uma vaga na Libertadores do ano que vem – e ainda pode tirar sarro do rival Vasco, “vice de novo”.

O próprio Vasco teve uma campanha de recuperação impressionante no Campeonato Carioca, faturou a Copa do Brasil, fez campanha excelente na Sulamericana e brigou com o Corinthians até o final do Brasileirão. Porém, a mesma imprensa que elogiou a postura de entrar em todas as competições para ganhar, passou a creditar o fracasso dos cariocas a uma gana por títulos incompatível com o elenco, declarando que o Vasco “perdeu o foco”. Eu ainda acho a filosofia válida: quem briga por 4 taças, tem mais chances de ganhar pelo menos uma do que o time que só briga por uma. O Vasco está de parabéns pelo ano, mas sem dúvida que precisa de reforços pra continuar brigando.

O Fluminense, melhor time do segundo turno, viu suas chances de conquistar o bicampeonato sumirem quando foi derrotado, no último minuto, pelo Vasco. A imprensa, então, esqueceu o Tricolor das Laranjeiras, mas vamos concordar que é um time muito forte, com Fred em fase pra lá de inspirada.

Quando o técnico Hélio dos Anjos chegou ao Atlético Goianiense, conseguiu uma boa seqüência de vitórias e foi a “bola da vez”. O time chegou a ser aclamado como o “mais competitivo” do Brasileirão. Claro que o Dragão conseguiu fazer uma boa campanha, mas os exageros eram gritantes. Para um desavisado, o Goianiense ia parecer estar disputando algo mais que vaga na Sulamericana…

O Botafogo também teve seu momento-sensação, com o técnico Caio Junior dando entrevista no Bem, Amigos, da SporTV, sorriso de orelha a orelha e até um pouco de marra. Foi mandado embora a três rodadas do final. A uruca foi tão grande que até o lateral-esquerdo Cortês, uma das grandes revelações do campeonato, viu seu futebol minguar com a campanha do Fogão.

No Paraná, a decepção foi grande. O Atlético Paranaense “atleticou” e foi pra Segundona, mas conseguiu, no último jogo, tirar o maior rival da Libertadores. O Coritiba só dependia de si pra garantir a vaga, mas encerrou o ano com uma derrota decepcionante para o maior rival. O Coxa começou o ano muito bem, bateu recorde de vitórias seguidas, enfiou 6 a zero no Palmeiras pela Copa do Brasil mas acabou ficando com o vice. Outra sensação que não vingou.

O Cruzeiro também era o grande favorito a tudo que disputasse no começo desse ano. Campanha empolgante na primeira fase da Libertadores, elenco excelente e muitas goleadas. A decepção só não foi maior que a do Galo Mineiro. Apesar de ter se livrado do rebaixamento, o Atlético teve a chance de afundar seu rival, devolvendo anos de gozações e humilhações. Porém, o Cruzeiro mostrou muita vontade na hora de decidir e se garantiu na Série A com um arrasador placar de 6 a 1. Isso, contudo, não pode apagar o péssimo ano cruzeirense.

Até o América mineiro, que passou o campeonato inteiro na zona da degola, foi alçado à condição de centro das atenções após bater, em seqüência, o Fluminense, Vasco e Corinthians. Os três primeiros colocados do disputado Brasileirão não foram páreo para o Coelho, que garantiu sua vaga na… Série B.

Agora é aguardar o próximo campeonato pra vermos quais serão as sensações de cada rodada, os técnicos geniais que serão demitidos ou os burros que serão louvados. O fenômeno não é exclusivo do Brasil – na Inglaterra, André Villas Boas era duramente criticado pela fraca campanha do Chelsea, até conseguir a classificação na Liga dos Campeões e passar a ser endeusado pelos jornais. Se nada mais der certo na Europa, Villas Boas pode, tranqüilamente, dirigir algum clube brasileiro!

Villas Boas: "Brasileirão? Tô fora..."

Raul, Maloqueiro e Sofredor, Graças a D-us

É PENTA!

5 de dezembro de 2011 Deixe um comentário

…apita o árbitro, termina o espetáculo e O CORINTHIANS É CAMPEÃO BRASILEIRO DE 2011!

Um título sofrido, suado, do jeito que a Fiel gosta! O grito de campeão entalado na garganta desde a vitória sobre o Figueirense, atravessado a cada gol, a cada vitória, a cada carrinho, a cada dividida. Foram 38 rodadas emocionantes, talvez o Brasileirão de maior equilíbrio na parte de cima da tabela. Não só o Corinthians, mas também o Vasco – que vendeu caro o título – o Flamengo, Fluminense, Botafogo, Internacional e até o Figueirense flertaram com a liderança, mas o Timão a manteve por 28 rodadas. Nem sempre pelos seus resultados, mas pela incompetência dos concorrentes. O começo arrasador, com uma invencibilidade de 10 jogos, credenciou o alvi-negro do Parque São Jorge a conquistar o quinto Brasileirão de sua história, seu oitavo título nacional.

Não pude evitar ir até o centro da bela e iluminada Suzano, a Beverly Hills brasileira, ver a comemoração acompanhado de minha esposa e filha. Foi o primeiro título que comemoramos juntos e também o primeiro da minha filha – que ficou bastante assustada com os fogos e tivemos que voltar rápido pra casa!

Minha esposa estava bem mais tranqüila. Não cabia em si de felicidade com a goleada que o seu Cruzeiro impôs ao maior rival, o Atlético MG. Acho que nem se fizessem um torneio dos piores times do mundo o Atlético ganhava. Podia se redimir de todas as humilhações sofridas nos últimos anos, mas o Galo Mineiro atleticou de maneira vergonhosa, manchando a campanha de recuperação do técnico Cuca. O Cruzeiro pode não ter feito um bom campeonato – aliás, figura como uma das decepções da temporada. Mas o Atlético, esse não decepciona. Espero que a CBF reveja a tabela com os clássicos na última rodada, ou o Cruzeiro vai ter a vantagem de ter três pontos garantidos no final todo ano.

Brincadeiras à parte, a tabela foi, de longe, a melhor coisa dos últimos anos. Oito clássicos, dez jogos decisivos, muitos gols e emoção! Os rebaixados foram aqueles mesmo: o simpático América, que tirou pontos dos três primeiros colocados; o Avaí, que conseguiu impedir o rival Figueirense de chegar à Libertadores; o Atlético PR, que também estragou o plano do Coritiba conseguir uma vaga na competição sulamericana; e o Ceará, sempre difícil de ser batido no seu estádio, mas que não se achou em campo esse ano.

Com a vaga na Libertadores ficaram Flamengo, que empatou com o Vasco e pôde gritar “vice de novo!” e o Internacional, que venceu o Grêmio. Juntaram-se a Santos, Vasco, Corinthians e Fluminense na disputa que começa no ano que vem. O Timão já tem contratações na manga, mais reforços devem chegar e o time tem condições de chegar muito forte para a conquista do mais cobiçado troféu, desde que, é claro, aprenda com alguns erros que cometeu nessa temporada.

Mas foram poucos se comparados com os acertos que nos deram o título! Uma campanha cheia de viradas, gols, dribles, polêmicas, placares apertados e muita emoção! O Corinthians venceu, de virada, o Grêmio em pleno Estádio Olímpico, o Vasco, Atlético MG na Arena do Jacaré, Flamengo, Avaí e, novamente, o Galo Mineiro, dessa vez em casa. Também bateu o Bahia, Atlético GO, Botafogo, Cruzeiro, Ceará e Figueirense fora de casa. Marcou pontos contra todos os outros: somou seis contra o tricolores gaúcho e baiano, além do rubro-negro goianiense. Somou quatro pontos contra Flamengo, São Paulo, Vasco, Internacional, Atlético PR e Ceará. Garantiu três pontos nos confrontos contra Coritiba, Fluminense, Botafogo, Cruzeiro, Avaí, América MG e Figueirense. Arrancou apenas um pontinho de Santos e Palmeiras, esse, no último jogo, que valeu o título.

Menção honrosa para a acachapante goleada em cima do São Paulo. O Timão enfiou cinco a zero no tricolor, com direito a show de Danilo e “hat-trick” de Liedson, artilheiro do Corinthians no campeonato com doze gols!

Liedson, inclusive, passou boa parte do campeonato lutando contra as dores no joelho, devido ao longo período sem férias. Com a má-forma física de Adriano, o Levezinho foi para o sacrifício e marcou gols que foram fundamentais na campanha, além de um belíssimo drible no último jogo. Coisa de craque!

Já o Imperador, a despeito de sua forma física, mostrou que tem estrela e marcou o gol da emocionante virada contra o Atlético MG no Pacaembu, dando sua contribuição para o título. O peruano Luiz Ramires também entrou em campo no segundo tempo da partida contra o Ceará para garantir a vitória em pleno Presidente Vargas, mostrando muita categoria!

Mas não dá pra falar em estrela sem citar Emerson Sheik. Após ganhar o Brasileirão em 2009 pelo Flamengo e 2010 pelo Fluminense, garantiu o terceiro caneco com dribles, gols e atuações cheias de irreverência e maladragem. Que seus problemas com a Justiça não atrapalhem seu desempenho com a camisa do Timão!

E o Príncipe Willian? Comemorou como um garoto, nos braços de Tite, o gol de Liedson contra o Figueirense. Gol que teve uma assistência cinematográfica de Alex, que entrou naquela partida justamente no lugar de Willian. Mesmo assim, o abraço no treinador, a comemoração emocionada, mostraram que, mais do que qualquer outra coisa, o menino Willian queria ser campeão e ia contribuir com todas as suas forças para isso, não só correndo e lutando dentro de campo, mas também sendo substituído sem reclamar.

Paulinho e Ralf formaram uma dupla de volantes memorável. Poucos cartões, muitas bolas roubadas e gols. Gols decisivos, de jogadores que aparecem quando os atacantes estão presos na marcação e os meias não conseguem criar. Paulinho foi o vice-artilheiro do time no campeonato, Ralf teve o maior número de desarmes. A dupla foi até convocada para a seleção de Mano Menezes!

Danilo, com seu toque de categoria, ora organizava as jogadas do Timão, ora dividia a responsabilidade com Alex. O recém-chegado marcou gols importantes, foi decisivo na reta final e mostrou muita personalidade. Já o Zidanilo, como foi apelidado ainda nos tempos de São Paulo, se caiu de produção na reta final, justificou a confiança do técnico com um começo de campeonato excelente.

Nas laterais, Alessandro e Fábio Santos mantiveram a regularidade; não comprometiam a defesa e ainda buscavam espaço na frente. Os zagueiros Paulo André e Leandro Castán se firmaram no time titular, tendo a difícil tarefa de substituir o aposentado William e o rebelde Chicão. Mas a rebeldia do ex-capitão não foi maior que a vontade de ser campeão pelo Corinthians. Mesmo no banco de reservas, procurava um espaço, uma oportunidade, para entrar em campo ou exercer sua liderança. Emblemática a cena em que acompanha por uma TV os lances finais de Vasco x Fluminense ainda no gramado do Orlando Scarpelli.

E o que dizer de Julio César? Eu, que tanto já critiquei nosso goleiro Horácio, até aqui nesse blog, vejo o campeonato acabar tendo o Corinthians com a melhor defesa e Julio como o goleiro menos vazado… Parabéns, goleirão, mas vê se estica esse braço!

Teve também os heróis de poucos minutos, claro. Bruno Otávio, Moradei, Welder, Wallace, Taubaté, Danilo Fernandes, o contestado Renan, Ramon… Todos apareceram, se apresentaram para o jogo e ajudaram a cumprir a missão do time. O técnico Tite até “fala muito”, mas com razão: sabe mexer com os brios do time no vestiário, sabe reorganizar o time com as substituições e foi coerente nas escalações e substituições. Cabe aqui o mérito da diretoria, que bancou o treinador até nos piores momentos, mantendo a filosofia de trabalho que se mostrou vencedora.

Nenhum título do Corinthians é completo sem a Fiel Torcida, o Bando de Loucos que faz de qualquer estádio a sua casa. Gritando, cantando, incentivando e empurrando, a torcida apagou a má impressão deixada após a eliminação na Libertadores, quando deu um vexame digno de páginas policiais, e foi o verdadeiro décimo-segundo jogador. Dessa vez, comemoramos em nossa casa, no Pacaembu, para alegria de uma Nação de 40 milhões* de loucos!

Por último, uma menção honrosa a esse jogador que, se não é craque, é guerreiro; se não é gênio, é endiabrado; se não é disputado por clubes da Europa ou convocado pela Seleção, veste a camisa do Corinthians como se fosse a própria pele. São Jorge Henrique, obrigado pelo chute no vácuo que vale! Obrigado por nos trazer à lembrança o capetinha Edílson! Obrigado por colocar o chileno marrento no devido lugar dele: o chuveiro.

Obrigado, Corinthians! Mais do que o quinto título brasileiro, essa camisa ostenta a história de 40 milhões de títulos: seus torcedores, cada um deles. Cada um de nós. Cada brasileiro e mais o nosso Dr Sócrates, que encontre a paz no Oriente Eterno!

Vai, Corinthians! Pentacampeão!

Jogadores do Timão homenageiam Sócrates antes do início da partida

Pentacampeão!

Com amor...

...com o coração...

...e com muita emoção...

...pra delírio da Fiel!

*Oficialmente, as estatísticas apontam 30 milhões de torcedores. Mas, se o Adenor Tite disse que são 40, então ele está certo.

Raul, Maloqueiro e Sofredor, Graças a D-us!!!

Pintou o Campeão

16 de novembro de 2011 Deixe um comentário

Corinthians? Não. Vasco? Também não. Portuguesa? Pfff…

A seleção da Alemanha venceu com tranqüilidade a Holanda em amistoso disputado hoje em Hamburgo. Ainda que se trate de um amistoso, o time holandês (vice-campeão do mundo, é bom lembrar) não viu a cor da bola. Os alemães controlaram as ações da partida do começo ao fim, com toque de bola preciso, avanços eficientes e qualidade técnica que coloca em xeque a posição da atual campeã do mundo Espanha no ranking da Fifa.

Méritos de Joachim Löw, que já tem tudo definido: equipe, padrão de jogo, tática… Claro que o trabalho dele à frente do time começou há bastante tempo (em 2006, mas já era assistente desde 2004), uma característica em comum com a bem-sucedida Espanha de Vicente del Bosque, que começou no cargo em 2008. Conhecem os jogadores e puderam implementar uma filosofia de  jogo que privilegia a posse de bola e a qualidade do passe. A diferença é que a Alemanha tem uma precisão mortal no ataque. A Espanha não é tão contundente assim, pois carece de Messi entre Xavi, Iniesta, Fábregas e Villa – a espinha dorsal do Barcelona. Löw tem à sua disposição os talentos de Özil, Khedira, Müller, o goleiro Neuer e o artilheiro Klose. Apenas Ronaldo tem mais gols que ele em Copas do Mundo, mas o jogador de 33 anos tem se cuidado para conseguir chegar à Copa de 2014 em condições de quebrar o recorde.

Não seria a primeira marca quebrada por essa seleção. A primeira foi a do preconceito. Khedira tem ascendência tunisiana, Özil é de origem turca, Podolski é polonês, Mario Gómez é filho de um espanhol e, no banco de reservas, está o brasileiro Cacau. Alemães mais conservadores podem ter torcido o nariz para a mudança, mas Löw conta com eles para montar uma equipe forte. Sua aposta deu certo e está ajudando a derrubar a ignorância e a xenofobia entre os jovens alemães, que convivem com o fantasma de um regime político de extrema-direita que, sete décadas atrás, implementou uma política que… Bom, isso é outra história.

Olhando para o futuro, o povo alemão tem orgulho de sua seleção. Depois de bela exibição na Copa do Mundo da África do Sul, os alemães vêm mostrando cada vez mais força. Deram uma surra no Brasil em amistoso, vencendo por 3 a 2. Vamos concordar que bater no Brasil talvez não seja tão difícil assim, mas hoje eles não escolheram jogar com o Gabão ou o Egito, e meteram logo 3 a zero.

Claro que é muito cedo para apontar favoritos, fazer algum prognóstico ou tentar bancar o matemático. Mas acho bom Mano Menezes aprender alguma coisa com essa seleção, porque se a Copa começasse hoje…

Klose: "Fenômeno" em alemão?

Raul, Maloqueiro e Sofredor, Graças a D-us

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